Contabilidade e gênero: O perfil das publicações em contabilidade
DOI:
https://doi.org/10.19094/contextus.2024.85251Palavras-chave:
gênero, mulher, contabilidade, feminino, bibliometriaResumo
Contextualização: Considerando a representatividade das mulheres na classe contábil, os desafios sociais e profissionais enfrentados por elas em função das desigualdades de gênero e tendo em vista o papel social da academia na qualificação deste debate, faz-se necessário refletir sobre os espaços que o tema tem ganhado nas publicações científicas.
Objetivo: Verificar o perfil das publicações em periódicos contábeis brasileiros sobre gênero na contabilidade.
Método: Levantamento bibliométrico em 25 periódicos científicos nacionais da área, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2020, resultando em 20 artigos, tabulados e analisados por técnicas descritivas.
Resultados: Esses artigos foram desenvolvidos principalmente por mulheres, com autorias pulverizadas e trabalhos elaborados majoritariamente em parcerias de 3 ou 4 pessoas. As autoras e autor com mais de um artigo não apresentam a pauta como uma linha central de suas pesquisas. 80% dos periódicos contábeis brasileiros já publicaram ao menos 1 artigo sobre o assunto, indicando uma abertura geral à temática, ainda que em número total tímido. Essas publicações ocorreram prioritariamente em revistas científicas bem avaliadas pela CAPES, sugerindo que os periódicos de maior impacto têm se atentado à relevância da pauta, seguindo uma tendência internacional
Conclusões: A investigação sobre gênero na contabilidade é recente e em crescimento. As pesquisas realizadas representam uma importante introdução da problemática, à medida que denunciam e contestam as desigualdades associadas às noções de gênero em termos de competência, de empenho, de prática e até do que é ser contabilista; configurando uma quebra do ciclo de perpetuação dessas noções e do desequilíbrio de poder. Universidades e Centros de pesquisas podem contribuir com esse processo incentivando e acolhendo (ou não refutando) estudantes e pesquisadores inclinados ao tema, oferecendo apoio financeiro e técnico para viabilização das pesquisas. Congressos e Periódicos científicos, por sua vez, podem contribuir abrindo linhas temáticas especializadas, bem como chamadas especiais.
Downloads
Referências
Anderson-Gough, F., Grey, C., & Robson, K. (2005). Helping them to forget: the organizational embedding of gender relations in public audit firms. Accounting, Organizations & Society. 30(5), 469-490. https://doi.org/10.1016/j.aos.2004.05.003
Arioglu, E. (2020). Female board members: The effect of director affiliation. Gender in Management, 35(2), 225-254. https://doi.org/10.1108/GM-05-2019-0080
Bendl, R., & Schmidt, A. (2010). From ‘Glass Ceilings’ to ‘Firewalls’- different metaphors for describing discrimination. Gender, Work & Organization, 17(5), 612-634. https://doi.org/10.1111/j.1468-0432.2010.00520.x
Bernd, D. C., Anzilago, M., & Beuren, I. M. (2017). Presença do gênero feminino entre os discentes dos Programas de Pós-Graduação de Ciências Contábeis no Brasil. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC), 11(4). https://doi.org/10.17524/repec.v11i4.1487
Brighenti, J., Jacomossi, F., & Silva, M. Z. (2015). Desigualdades de gênero na atuação de contadores e auditores no mercado de trabalho catarinense. Enfoque: Reflexão Contábil, 34(2), 109-122. https://doi.org/10.4025/enfoque.v34i2.27807
Buck, G. A., Clark, V. L. P., Leslie-Pelecky, D., Lu, Y., & Cerda-Lizarraga, P. (2008). Examining the cognitive processes used by adolescent girls and women scientists in identifying science role models: A feminist approach. Science Education, 92(4), 688-707. https://doi.org/10.1002/sce.20257
CAPES (2014). NOTA QUALIS PERIÓDICOS. Ministério Da Educação. https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/index.xhtml
Cappelle, M. C. A., & Melo, M. C. D. O. L. (2010). Mulheres policiais, relações de poder e de gênero na Polícia Militar de Minas Gerais. Revista de Administração Mackenzie, 11, 71-99. https://doi.org/10.1590/S1678-69712010000300006
Casa Nova, S. P. C. (2012). Impactos de Mestrados Especiais em Contabilidade na trajetória de seus egressos: um olhar especial para gênero. Revista Contabilidade e Controladoria RC&C, 4(3), 37-62. http://dx.doi.org/10.5380/rcc.v4i3.29952
Conselho Federal de Contabilidade, CFC. (2024). Profissionais Ativos nos Conselhos Regionais de Contabilidade agrupados por Gênero. https://www3.cfc.org.br/spw/crcs/ConsultaPorRegiao.aspx?Tipo=0&_gl=1*nyqrly*_ga*NjMyNjA0MzE3LjE2NzQ2MTE3OTQ.*_ga_38VHCFH9HD*MTcwODUzNTAwOC4yMS4xLjE3MDg1MzUwMTEuMC4wLjA.
Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior, CAPES. (2014). Classificação da produção intelectual: Qualis-Periódicos. http://www.capes.gov.br/avaliacao/instrumentos-de-apoio/classificacao-da-producao-intelectual
Dal Magro, C. B., Carpes, A. D., Vergini, D., & Silva, M. Z. (2018). Glass ceiling em cargos de board e seu impacto no desempenho organizacional. Revista Contemporânea de Contabilidade,15(34),158-180. https://doi.org/10.5007/2175-8069.2018v15n34p158
Dambrin, C., & Lambert, C. (2012). Who is she and who are we? A reflexive journey in research into the rarity of women in the highest ranks of accountancy. Critical Perspectives on Accounting, 23(1), 1-16. https://doi.org/10.1016/j.cpa.2011.06.006
Del Priore, M. (2013). Histórias e conversas de mulher. São Paulo: Planeta.
Dwyer, P.D., & Roberts, R. W. (2004). The contemporary gender agenda of the US public accounting profession: embracing feminism or maintaining empire? Critical Perspectives on Accounting, 15(1), 159-177. https://doi.org/10.1016/S1045-2354(03)00003-0
Ely, R., & Padavic, I. (2007). A feminist analysis of organizational research on sex differences. Academy of Management Review, 32(4), 1121-1143. https://www.jstor.org/stable/20159359
Farjaudon, A. L., & Morales, J. (2013). In search of consensus: The role of accounting in the definition and reproduction of dominant interests. Critical Perspectives on Accounting, 24(2), 154-171. https://doi.org/10.1016/j.cpa.2012.09.010
Ferreira, C. (2013) A Influência do Gênero na Contabilidade. Congresso Internacional de Contabilidade e Auditoria, Lisbon, Portugal, XIV.
Galbreath, J. (2016). When do board and management resources complement each other? A study of effects on corporate social responsibility. Journal of Business Ethics, 136(2), 281-292. https://doi.org/10.1007/s10551-014-2519-7
Gammie, E., & Whiting, R. (2013). Women accountants: Is the grass greener outside the profession? The British Accounting Review, 45(2), 83-98. https://doi.org/10.1016/j.bar.2013.03.005
Garanina, T., & Muravyev, A. (2020). The gender composition of corporate boards and firm performance: Evidence from Russia. Emerging Markets Review, 48(100772). https://doi.org/10.1016/j.ememar.2020.100772
González, C. L. C., & López, C. A.I. (2021). Estudios de género en la disciplina contable: revisión bibliométrica. Revista Venezolana de Gerencia, 26(6), 82-105. https://doi.org/10.52080/rvgluz.26.e6.6
Granovetter, M. (1978). Threshold Models of Collective Behavior. American Journal of Sociology, 83(6), 1420-1443. http://www.jstor.org/stable/2778111
Groening, C. (2019). When do investors value board gender diversity? Corporate Governance, 19(1), 60-79. https://doi.org/10.1108/CG-01-2018-0012
Haynes, K. (2008). (Re)figuring accounting and maternal bodies: The gendered embodiment of accounting professionals. Accounting, Organizations and Society, 33, 328-348. https://doi.org/10.1016/j.cpa.2016.06.004
Haynes, K. (2017). Accounting as gendering and gendered: A review of 25 years of critical accounting research on gender. Critical Perspectives on Accounting, 43, 110-124. https://doi.org/10.1016/j.cpa.2016.06.004
Howard, J. A. (2000). Social psychology of identities. Annual Review of Sociology, 367-393. https://doi.org/10.1146/annurev.soc.26.1.367
Instituto Brasileira de Geografia e Estatística, IBGE. (2019). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Brasília: IBGE.
Instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais Anísio Teixeira, INEP. (2019). Relatório síntese de área: Ciências Contábeis (bacharelado). Brasília: INEP. https://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/relatorio_sintese/2018/Ciencias_Contabeis.pdf
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, INEP. (2021). Resumo técnico do Censo da Educação Superior 2019. Brasília: INEP. https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/estatisticas_e_indicadores/resumo_tecnico_censo_da_educacao_superior_2019.pdf
Irigaray, H. A. R., & Vergara, S. C. (2009). Mulheres no ambiente de trabalho: abrindo o pacote “gênero”. Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, São Paulo, Brazil, 33.
Ittonen, K., Vähämaa, E., & Vähämaa, S. (2013). Female auditors and accruals quality. Accounting Horizons, 27(2), 205-228. https://doi.org/10.2308/acch-50400
Kamla, R. (2012). Syrian women accountants’ attitudes and experiences at work in the context of globalization. Accounting, Organizations and Society, 37, 188-205. https://doi.org/10.1016/j.aos.2012.02.002
Kanter, R. M. (1977). Men and Women of the Corporation. New York: Basic Books.
Kanter, R. M. (1987). ‘Men and Women of the Corporation Revisited’, Management Review 76(3), 14-16. https://doi.org/10.1002/hrm.3930260209
Khalifa, R. & Kirkham, L. M. (2009). Gender. In J. R. Edwards & S. P. Walker (Eds.) Companion to Accounting History. (pp.433-450). New York: Routledge.
Konrad, A. M., Cannings, K., & Goldberg, C. B. (2010). Asymmetrical demography effects on psychological climate for gender diversity: Differential effects of leader gender and work unit gender composition among Swedish doctors. Human Relations, 63(11), 1661-1685. https://doi.org/10.1177/0018726710369
Lehman, C. (2012). We've come a long way! Maybe! Re-imagining gender and accounting. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 25, 256-294. https://doi.org/10.1108/09513571211198764
Lupu, I. (2012). Approved routes and alternative paths: The construction of women's careers in large accounting firms. Evidence from the French Big Four. Critical Perspectives on Accounting, 23(4), 351-369. https://doi.org/10.1016/j.cpa.2012.01.003
Maccoby, E. E. (1988). Gender as a social category. Developmental Psychology, 24(6), 755. https://doi.org/10.1037/0012-1649.24.6.755
Macedo, F. M. F., Boava, D. L. T., Cappelle, M. C. A., & Oliveira, M. D. L. S. (2012). Relações de gênero e subjetividade na mineração: um estudo a partir da fenomenologia social. Revista de Administração Contemporânea, 16, 217-236. https://doi.org/10.1590/S1415-65552012000200004
Martin, P. Y. (2006). Practising gender at work: Further thoughts on reflexivity. Gender, work & organization, 13(3), 254-276. https://doi.org/10.1111/j.1468-0432.2006.00307.x
Matos, M. (2008). Teorias de gênero ou teorias e teorias de gênero ou teorias e gênero? Se e como os estudos de gênero e feministas se transformaram em um campo novo para as ciências. Estudos Feministas, 16(2), 333-357. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2008000200003
Mota, E. R. C.F., & Souza, M. A. (2013). A evolução da mulher na contabilidade: os desafios da profissão. Congresso Virtual Brasileiro - Administração, Virtual, Brazil, X.
Nascimento, V. M. S., & Alves, F. J. (2014). Gênero e carreira: Um estudo de caso das percepções de Contadores Públicos. Congresso USP de Controladoria de Contabilidade, São Paulo, Brazil, XIV.
Omran, M. S.; Alizadeh, H. & Esmaeeli, B. (2015). The analysis of glass ceiling phenomenon in the promotion of women’s abilities in organizations. International Journal of Organizational Leadership, 4(3), 315–323. https://ijol.cikd.ca/article_60323_9f9b75ba78391391d9e4cf6276daf896.pdf
Pedro, J. M. (2005). Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. História, 24(1), 77-98. https://doi.org/10.1590/S0101-90742005000100004
Ragins, B. R., & Winkel, D. E. (2011). Gender, emotion and power in work relationships. Human Resource Management Review, 21(4), 377-393. https://doi.org/10.1016/j.hrmr.2011.05.001
Scott, J. W. (1986). Gender: A useful category of historical analysis. The American Historical Review, 91(5), 1053-1101. https://doi.org/10.2307/1864376
Silva, J. C., Dal Magro, C. B., & Silva, M. Z. (2016). Gender inequality in accounting profession from the perspective of the glass ceiling. RACE - Revista De Administração, Contabilidade e Economia, 15(2), 447-474. https://doi.org/10.18593/race.v15i2.9914
Silva, S. M. C. D. (2016). Tetos de vitrais: gênero e raça na contabilidade no Brasil (Doctoral thesis). Universidade de São Paulo, SP, Brazil. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-03082016-111152/pt-br.php
Strey, M. N. (1998). Gênero. In M. G. C. Jacques et al. Psicologia contemporânea. Petrópolis: Vozes.
Tiron-Tudor, A., & Faragalla, W. A. (2018). Women career paths in accounting organizations: Big4 scenario. Administrative sciences, 8(4), 62. https://doi.org/10.3390/admsci8040062
Vasconcelos, V. D., Abreu, M. C. S., Crisóstomo, V. L., & Garcia, K. R. M. (2020). Efeito da Diversidade do Conselho de Administração na Eficiência da Emissão de Gases do Efeito Estufa. Encontro da ANPAD – ENANPAD, Fortaleza, Brazil, XLIV.
Weyer, B. (2007). Twenty years later: explaining the persistence of the glass ceiling for women leaders. Women in Management Review, 22(6), 482-496. https://doi.org/10.1108/09649420710778718
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista: apenas para a 1a. publicação

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.








1.jpg)



1.jpg)

1.jpg)



.jpg)



1.jpg)

1.jpg)


1.jpg)

1.jpg)
1.jpg)
2.png)




2.jpg)
1.jpg)




1.jpg)


1.jpg)
1.jpg)